quinta-feira, 24 de abril de 2014

A noite em casa


Era uma noite comum: preparava o jantar, a panela apitava, o cão latia, o gato miava e as crianças no parquinho gritavam, desrespeitando suas mães que irritadamente mandavam-os subir para seus apartamentos, enquanto eu, já nervosa esperava o arroz cozir no fogão.
Ás vezes me pergunto quando isso acabará, mas não gosto muito de me perguntar sobre isso porque até já sei a resposta...
Na verdade sei que toda esta bagunça acabará somente quando não existirem mais noites.
Isso mesmo, quando num dia nenhuma luz precisar ser acendida; quando num dia o luar não existir nem na mais negra escuridão.
Ou seja, nunca.
Ás vezes me pergunto: por que não me mudar?
Mas também não gosto nada de me perguntar coisas que envolvam este assunto, pois de novo até já sei a resposta.
O dinheiro está curto e como diz o velho ditado, dinheiro não cresce em árvore.
Ás vezes; quase nunca, me pergunto por que o dinheiro está curto, mas odeio me perguntar coisas relacionadas a este tema porque logo depois me arrependo de tudo...
Tantos problemas neste mundo e eu me queixando de meus inocentes vizinhos.
Lixo nas ruas, estradas mal feitas, escolas péssimas, políticos corruptos, rios poluídos...
Mas para mim, nada se compara a raiva que eu tenho de meus tão inocentes vizinhos.
Não sei ao certo porque, mas também nem busco saber porque.
Ás vezes acho que reclamo muito e por coisas tão insignificantes, mas é difícil admitir uma coisa dessas.
Olhando para as coias por este lado, até que as crianças desrespeitosas são bonitinhas...
Ás vezes me pergunto porque crianças são bonitinhas, mas...

Um comentário:

  1. Nara,
    muito legal esse texto! Muito legal acompanhar o seu processo, comparar a sua primeira crônica com as duas últimas. Seu texto foi ficando cada vez mais interessante, você revelou-se mais, e os textos trazem reflexões e experimentações com a linguagem. Muito bacana. Parabéns.

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