A noite em casa
Era uma noite comum: preparava o jantar, a panela apitava, o cão latia, o gato miava e as crianças no parquinho gritavam, desrespeitando suas mães que irritadamente mandavam-os subir para seus apartamentos, enquanto eu, já nervosa esperava o arroz cozir no fogão.
Ás vezes me pergunto quando isso acabará, mas não gosto muito de me perguntar sobre isso porque até já sei a resposta...
Na verdade sei que toda esta bagunça acabará somente quando não existirem mais noites.
Isso mesmo, quando num dia nenhuma luz precisar ser acendida; quando num dia o luar não existir nem na mais negra escuridão.
Ou seja, nunca.
Ás vezes me pergunto: por que não me mudar?
Mas também não gosto nada de me perguntar coisas que envolvam este assunto, pois de novo até já sei a resposta.
O dinheiro está curto e como diz o velho ditado, dinheiro não cresce em árvore.
Ás vezes; quase nunca, me pergunto por que o dinheiro está curto, mas odeio me perguntar coisas relacionadas a este tema porque logo depois me arrependo de tudo...
Tantos problemas neste mundo e eu me queixando de meus inocentes vizinhos.
Lixo nas ruas, estradas mal feitas, escolas péssimas, políticos corruptos, rios poluídos...
Mas para mim, nada se compara a raiva que eu tenho de meus tão inocentes vizinhos.
Não sei ao certo porque, mas também nem busco saber porque.
Ás vezes acho que reclamo muito e por coisas tão insignificantes, mas é difícil admitir uma coisa dessas.
Olhando para as coias por este lado, até que as crianças desrespeitosas são bonitinhas...
Ás vezes me pergunto porque crianças são bonitinhas, mas...
Nara,
ResponderExcluirmuito legal esse texto! Muito legal acompanhar o seu processo, comparar a sua primeira crônica com as duas últimas. Seu texto foi ficando cada vez mais interessante, você revelou-se mais, e os textos trazem reflexões e experimentações com a linguagem. Muito bacana. Parabéns.